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Oncologia e Hematologia/Teranóstica

Teranóstica é impulsionada pela Oncologia

O maior entendimento sobre o câncer e avanços da Medicina Nuclear criaram o ambiente necessário para a aplicação desse conceito

Por Fulano de Tal

A teranóstica, hoje, é usada eminentemente na Oncologia. E, sim, a aplicação ainda é bastante selecionada. Além de restrita a alguns tipos de câncer (como os tumores neuroendócrinos e câncer de próstata ou de fígado), ela via de regra tem indicação formal quando outras terapias já foram utilizadas.

Mas esse cenário tem mudado. No Congresso da Sociedade Europeia de Oncologia Médica (ESMO, na sigla em inglês) de 2024, foi apresentado um estudo promissor de fase 2 em casos de câncer de próstata metastático que vinham recebendo bloqueio hormonal. A pesquisa testou uma combinação de quimioterapia com uma terapia teranóstica (à base do anti-PSMA com lutécio-177) como primeira linha de tratamento – atualmente, isso só acontece depois de um tratamento prévio com quimioterapia.

Resultado: após 48 semanas, 41% dos voluntários submetidos ao tratamento teranóstico estavam com o nível de PSA indetectável no corpo, contra 16% do grupo que só recebeu quimioterapia. Isso sem adicionar toxicidade.

Obviamente mais trabalhos precisam ser conduzidos antes de alcançar uma ampliação da indicação, porém a ciência caminha no sentido de disponibilizar a teranóstica a mais tipos de câncer, e em fases menos avançadas.

Há experimentos sendo conduzidos com diferentes moléculas, inclusive para casos de câncer de mama. Entretanto, o de próstata é um dos que mais têm avançado por causa de uma particularidade: a presença do Antígeno de Membrana Específico para Próstata (PSMA) em boa parte das células dessa glândula, e sua ausência em outras partes do corpo. Isso torna essa molécula um alvo-natural para medicamentos que pretendem se concentrar na próstata, e não em outras regiões do organismo.

Não à toa, uma das principais aplicações da teranóstica no Einstein reside exatamente no controle do câncer de próstata. 

Além da eficácia, um método como esse ajuda a minimizar reações adversas – quando comparado à radioterapia convencional ou mesmo à quimioterapia. “O alcance da radiação é pequeno e mapeamos a ação do tratamento, então praticamente não atingimos os tecidos vizinhos”, explica Guilherme de Carvalho Campos Neto, médico nuclear do Einstein. Tanto que, no caso do câncer de próstata, a etapa do tratamento chega a ser realizada em ambiente ambulatorial.

No mais, a teranóstica permite avaliar a eficácia do tratamento antes de aplicá-lo. Se os exames mostrarem que o alvo terapêutico, como o PSMA, está em baixa quantidade, o médico pode decidir não seguir com a terapia, economizando recursos, evitando riscos e optando por outras abordagens.

Outro exemplo de como a teranóstica altera o planejamento do tratamento é a radioembolização de metástases hepática, uma técnica que mescla práticas da Medicina Intervencionista com a teranóstica.

”O Einstein é a organização que mais realiza a radioembolização de metástases hepáticas no Brasil.”

Em resumo, o médico usa um cateter para infundir um radiofármaco de baixa potência (o tecnécio-99m) em artérias próximas aos vasos sanguíneos que irrigam o câncer. Através de exames, os profissionais verificam se a maioria das moléculas está chegando ao tumor, ou se estão escapando para outras regiões através de pequenos vasos sanguíneos. Com base nessa programação, é possível ajustar a dose a ser administrada, mudar o cateter de lugar, ou mesmo escolher outros tratamentos, minimizando os efeitos colaterais ao paciente.

Se essa fase de testes indicar resultados satisfatórios com a radioembolização, aí os médicos aplicam um radiofármaco mais potente (ítrio-90), que viaja dentro de uma microesfera até os vasos de menor calibre localizados perto do câncer. Ali, ele ficará por dias destruindo as células tumorais.

Com sua combinação de diagnóstico e tratamento, a teranóstica representa parte importante do futuro do cuidado com o câncer. O Einstein se posiciona como líder na implementação dessa tecnologia, com uma infraestrutura que favorece a inovação contínua e o melhor atendimento para os pacientes.

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