Hospital do Futuro

Robótica

Cirurgia robótica: braços de máquina, cérebro humano

Ela já é realidade no Einstein, mas continua evoluindo com tecnologias que ampliam o acesso e trazem melhores resultados para o paciente

Por Fulano de Tal

Em 2008, foram realizadas as primeiras cirurgias robóticas no Brasil – uma delas, no Einstein. Desde então, esse procedimento vem ganhando cada vez mais espaço: o número de robôs cirúrgicos no país passou dos 100, e, em 2023, foram 88 mil procedimentos do tipo, ante 17 mil em 2018.

Esse movimento acontece tanto pelo acúmulo de evidências sobre seus benefícios em diferentes áreas, como pelo desenvolvimento tecnológico e humano. Ao longo dessa trajetória, o Einstein sempre liderou a área de cirurgia robótica – é a organização que mais realizou esses procedimentos no Brasil.

“O hospital sempre acreditou que esse seria o futuro da cirurgia, e criou formas de introduzir essa tecnologia com segurança e perenidade. No começo, trazíamos médicos de fora para treinar nossa equipe. Hoje, são os nossos profissionais que fazem isso”, afirma Sergio Araújo, diretor da Rede Cirúrgica do Einstein e presidente da Sociedade Brasileira de Coloprocotologia.

O Einstein é um Centro de Treinamento Oficial da Intuitive, que fabrica o robô DaVinci. Poucas entidades na América Latina possuem esse “selo”. Ou seja, a organização capacita cirurgiões e enfermeiros da região como um todo – e até de outros continentes. E tem uma equipe de enfermagem dedicada apenas a esses procedimentos, que possuem particularidades.

Além disso, por meio de pós-graduações, residências médicas e aulas na sua faculdade, o Einstein traz o universo da cirurgia robótica para diferentes profissionais, desde o início da carreira. Isso porque parte importante da cirurgia robótica é a capacitação de pessoas hábeis, capazes de levarem essa tendência para a frente.

“Nós também fazemos consultorias para a formação e a implementação de programas de robótica em outros centros. Até porque não adianta só colocar o robô em uma sala e esperar que ele opere sozinho”, diz Luciana Machado, coordenadora do Programa de Cirurgia e Cirurgia Robótica do Einstein. Hospitais no Equador e no Peru, por exemplo, já passaram por essa consultoria.

A ciência já mostra, principalmente com revisões sistemáticas e pesquisas à base de dados de vida real, que as cirurgias robóticas trazem vantagens como:

  • Recuperação mais rápida no pós-operatório
  • Menos dor
  • Menor trauma tecidual
  • Taxa reduzida de uso de anestésicos
  • Risco menor de infecções e algumas outras intercorrências
  • Menor taxa de conversão cirúrgica e benefícios especialmente altos para casos mais desafiadores

Logo, a tendência é a disseminação ainda maior desse tipo de procedimento, e a diversificação nos tipos de robôs. O Einstein possui no momento quatro sistemas robóticos DaVinci no hospital do Morumbi, um na unidade de Goiânia (GO) e um administrado no Hospital Municipal Vila Santa Catarina – Dr. Gilson de Cássia Marques de Carvalho. Mas não “só”.

“Somos o primeiro centro do Brasil a adquirir o robô Hugo, da Medtronic, e trabalhar regularmente com ele”, revela Tiago Ijichi, cirurgião do aparelho digestivo do Einstein. Diferentemente do DaVinci, essa plataforma é multimodular, com braços independentes que se movem pela sala de forma separada.

A diversificação de modelos é justificada por vários motivos: preparar-se para novas tecnologias; ter à disposição sistemas que podem ser mais adequados para casos específicos; treinar profissionais em múltiplas plataformas… Não à toa, a organização ainda conta com três robôs para cirurgias ortopédicas, capazes de ajudar em procedimentos de coluna, quadril e joelho, por exemplo. E também se vale de, digamos, outros tipos de robôs – como exoesqueletos para ajudar na reabilitação de problemas neurológicos.

As perspectivas da cirurgia robótica são animadoras. Com a disseminação da internet 5G e de outras tecnologias, espera-se ampliar as telecirurgias para a prática clínica (já houveram experiências esparsas no mundo). Ou seja, operações nas quais o cirurgião estaria em um local, enquanto o paciente, em outro – um atributo que potencializaria inclusive o acesso da cirurgia robótica. Isso já é estudado no Einstein, no Laboratório 5G. Saiba mais no vídeo:

Outra tendência é a miniaturização dos instrumentos da robótica. Braços robóticos e pinças menores, por exemplo, tornarão as incisões ainda mais diminutas, o que favorece a recuperação do paciente e a ergonomia do time (além de exigir salas cirúrgicas menores).

Na esteira desse movimento, já se vislumbra a endoscopia robótica. Ou seja, o robô levaria os instrumentos miniaturizados para o interior de órgãos tubulares, onde seria possível realizar procedimentos endoluminais. Isso já acontece fora do Brasil com a broncoscopia robótica e em outras situações específicas.

“Hoje, a gente separa a endoscopia da cirurgia, são especialidades diferentes. Mas, com essas interfaces, no futuro elas devem se misturar”, destaca Sergio Araujo.

Especialidades
  • Cardiologia
  • Neurologia
  • Oncologia e hematologia
  • Ortopedia